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Metabolismo Ósseo

Novo alerta do FDA sobre o uso do Denosumabe

Escrito por Ícaro Sampaio

A osteoporose é uma condição comum entre mulheres na pós-menopausa, caracterizada por perda de densidade óssea, fragilidade, e aumento do risco de fraturas. Pacientes com doença renal crônica avançada possuem um maior risco de fraturas quando comparados ao restante da população. Além disso, pessoas submetidas à diálise por longo prazo, apresentam uma alta prevalência de DMO – doença mineral e óssea (DMO-DRC), que é caracterizada por anormalidades nos níveis séricos de fósforo, cálcio, paratormônio e vitamina D, além de anormalidades na remodelação óssea, mineralização, volume e força.

As diretrizes do KDIGO não recomendam uma estratégia de tratamento específica para a doença óssea em pacientes que fazem terapia dialítica, mas recomendam que os riscos do tratamento devem ser avaliados em relação ao fenótipo ósseo subjacente. O desosumabe, um anticorpo monoclonal humano contra o ligante do receptor nuclear fator kappa B (RANKL), com efeito antirreabsortivo, pode ser utilizado por pacientes tenham declínio importante da função renal (taxa de filtração glomerular < 30 mL/min). No entanto, a hipocalcemia é um efeito adverso temido desse agente.

Um recente estudo de coorte retrospectivo publicado no JAMA buscou avaliar a incidência e o risco comparativo de hipocalcemia grave com denosumabe em comparação com bisfosfonatos orais entre mulheres dialíticas portadoras de osteoporose. A maioria das pacientes que receberam bisfosfonatos orais foram tratadas com alendronato (91,8%), mais comumente na dose de 70 mg por semana (75,7%). A idade média foi de 74,5 anos no grupo do denosumabe e de 73,8 anos no grupo do bifosfonato oral.

No estudo, dentre 1.523 pacientes que iniciaram denosumabe e 1.281 que iniciaram bifosfonatos orais, a incidência cumulativa ponderada de hipocalcemia grave (isto é, <7,5 mg/dL [1,88 mmol/L] ou tratamento de emergência) em 12 semanas foi de 41,1% com denosumabe  vs 2,0 % com bifosfonatos orais (diferença de risco ponderada, 39,1% [IC 95%, 36,3%-41,9%]). Observou-se que o denosumabe foi associado a uma incidência marcadamente mais elevada de hipocalcemia grave e muito grave em doentes do sexo feminino dependentes de diálise com idade igual ou superior a 65 anos, em comparação com os bifosfonatos orais.

Com bases nesses resultados, em 19 de janeiro deste ano, o FDA adicionou uma advertência para o denosumabe para alertar sobre o risco de hipocalcemia grave em pacientes com doença renal crônica. Diante disso, torna-se necessário selecionar criteriosamente os pacientes portadores de DRC que são candidatos ao tratamento com denosumabe, instituindo medidas de prevenção da hipocalcemia e vigiando possíveis sinais e sintomas dessa complicação após o uso do fármaco.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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