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Diabetes

Os pilares da doença renal diabética

Escrito por Luciano Albuquerque

A doença renal diabética (DRD) afeta 700 milhões de pessoas em todo o mundo e está associada a um risco três vezes maior de mortalidade por todas as causas quando comparada a pessoas sem DRD. Dados apontam uma redução de até 16 anos na expectativa de vida em pacientes com DM2 e DRD em fase inicial. Mesmo com dados de prevalência tão significativos a nefropatia diabética segue subdiagnosticada. Os guidelines atuais recomendam a avaliação com relação albumina/creatinina (RAC) em amostra isolada de urina e determinação da taxa de filtração glomerular, estimada pelo clearence de creatinina (TFGe). A DRD é definida diante do achado de TFGe <60 mL/min/1,73 m2  e/ou RAC ≥30 mg/g (ou ≥3 mg/mmol).

Artigo recente publicado na Diabetes Care, propõe uma “abordagem baseada na fisiopatologia”, apontando “pilares” no manejo farmacológico da doença renal diabética. De acordo com os autores, os mecanismos envolvidos na DRD podem ser apontados como resultantes da interação de três processos principais, os componentes hemodinâmicos, metabólicos e inflamatórios, cada um com contribuições variáveis. Interações entre tais mecanismos determinam estado de hiperfiltração, infiltração de células inflamatórias, alterações na membrana glomerular e podocitária, culminando com fibrose progressiva e perda de função renal.

Os autores apoiam essa abordagem nos dados da literatura que demonstraram benefícios com inibidores do sistema renina-angiotensina (iECA) ou bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA), inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 (iSGLT2) e finerenona (um antagonista mineralocorticóide não esteroidal), no retardo da progressão da nefropatia. Além desses, os agonistas do GLP-1, também demonstraram benefícios, principalmente na redução de proteinúria e em pacientes com obesidade. São aguardados os dados do estudo FLOW, empregando a semaglutida em pessoas com DRD. Os 4 agentes apontados trazem benefícios sinérgicos nos diferentes mecanismos envolvidos na fisiopatologia proposta.

Referência: Sandra C. Naaman, George L. Bakris; Diabetic Nephropathy: Update on Pillars of Therapy Slowing Progression. Diabetes Care 1 September 2023; 46 (9): 1574–1586.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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