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Dieta saudável e atividade física para prevenção cardiovascular

Escrito por Luciano Albuquerque

Dieta saudável e atividade física regular figuram entre os principais determinantes de saúde na população adulta. Circunstâncias socioculturais, como educação e renda, além de hábitos locais influenciam a adequação a um “padrão saudável”. Abordagens determinadas por políticas de saúde pública, com foco na mudança de comportamento individual fazem parte da solução para alcançar um melhor estilo de vida e bem-estar para todos.

Recentemente, foi publicada no JAMA a recomendação da USPSTF, órgão de medicina preventiva, sobre dieta saudável e atividade física para prevenção cardiovascular primária. A definição de dieta saudável inclui o aumento do consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, laticínios desnatados ou com baixo teor de gordura e proteínas magras. O consumo de alimentos e bebidas com altos níveis de sódio, gorduras saturadas ou trans e com adição de açúcar, além de bebidas alcoólicas, deve ser limitado. Sobre atividade física, a recomendação é de pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos de atividade intensa por semana. Soma-se ainda a realização de pelo menos 2 sessões semanais de treino resistido.

Consistente com um relatório recente do governo americano, a USPSTF reconheceu que uma grande proporção de doenças cardiovasculares pode ser prevenida abordando os riscos modificáveis ​​do estilo de vida e que a maioria dos adultos americanos não consome dietas saudáveis ​​ou pratica atividade física suficiente.

Criticamente, para este relatório, a USPSTF concentrou-se em adultos sem fatores de risco cardiovasculares conhecidos – ou seja, sem hipertensão, dislipidemia, diabetes ou síndrome metabólica. Tal cenário se aplica a apenas cerca de 12,2% da população adulta norte-americana. Para esse segmento de adultos saudáveis, a USPSTF coloca um grau de recomendação C (opinião de especialista), com certeza moderada para um benefício classificado como “pequeno”. Reforçamos que essa conclusão se deve a escassez de estudos robustos sobre o tema na literatura. O benefício dessas intervenções, em uma população de risco baixo, seria certamente verificado após vários anos de seguimento, inviabilizando estudos randomizados prospectivos, que têm maior poder de evidência. Para indivíduos com fatores de risco ou prevenção secundária, o nível de recomendação é maior, com benefícios mais robustos.

Ainda há muito a ser feito. Intervenções nos sistemas de saúde devem incorporar e priorizar ações sobre dieta e atividade física, incluindo melhor educação da equipe de saúde, triagem e registro adequado da população, com direcionamento de atuação multidisciplinar. É preciso ainda reduzir as disparidades de saúde, abordando determinantes sociais como insegurança alimentar, moradia, transporte, emprego e educação. Medidas preventivas certamente trarão benefícios no longo prazo, alcançando boa relação custo-efetividade. Pronto pra fazer sua parte?



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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