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Temos novos critérios para diagnóstico de pré-diabetes e diabetes mellitus?

Escrito por Ícaro Sampaio

Atualmente, tanto a American Diabetes Association (ADA) quanto a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), consideram que, durante a realização do teste oral de tolerância à glicose, a presença de uma glicemia maior ou igual a 140 mg/dL e menor que 200 mg/dL é suficiente para o diagnóstico de pré-diabetes. Nos casos em que a glicemia de 2 horas alcança um valor igual ou maior que 200 mg/dL, o diagnóstico de diabetes mellitus pode ser estabelecido, desde que o resultado seja confirmado em um segundo teste.

Até recentemente, não havia recomendação formal para a utilização da glicemia plasmática (GP) de 1 h no TOTG para o diagnóstico de pré-diabetes ou diabetes mellitus, por mais que alguns estudos já demonstrassem correlação entre a hiperglicemia nesse momento e um maior risco de diabetes. No entanto, neste mês de março, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) publicou um posicionamento recomendando a incorporação da glicemia de 1h tanto para diagnóstico de pré-diabetes (denominada “hiperglicemia intermediária” no documento), quanto diabetes mellitus.

De acordo com a IDF, numerosos estudos observacionais em todo o mundo demonstram consistentemente uma associação direta entre GP de 1 h ≥ 155 mg/dL durante um TOTG com a evolução para DM2.Notavelmente, esta associação é mais robusta em comparação com aquelas observadas para glicemia de jejum (GJ) ou GP de 2 horas. O documento destaca ainda que a reprodutibilidade da GP de 1 h foi mais recentemente considerada equivalente à GJ e à GP de 2 h.

Há ainda evidências de que o ponto de corte de GP de 1 hora de 209 mg/dL para o diagnóstico de DM2 foi ultrapassado em média 1 ano antes (média de 1,6 anos) do limite padrão de GP de 2 horas de 200 mg/dL Assim, o uso da GP de 1 hora para diagnosticar DM2 também pode facilitar o início mais precoce da terapia hipoglicemiante, quando a remissão do DM2 e o controle glicêmico adequado têm maior probabilidade de serem alcançados.

Qual é a recomendação da IDF?

“Pessoas com glicemia de 1 h no TOTG ≥ 155 mg/dL são consideradas como portadoras de hiperglicemia intermediária e devem receber prescrição de intervenção no estilo de vida e encaminhamento para um programa de prevenção de diabetes. Pessoas com glicemia de 1 h ≥ 209 mg/dL são consideradas como tendo DM2 e devem repetir o teste para confirmar o diagnóstico de DM2 e depois encaminhadas para avaliação e tratamento adicionais.”

Segundo o posicionamento, encurtar o TOTG de 2 para 1 hora, pode torná-lo mais prático e clinicamente aceitável. A GP de 1h seria então uma opção à GP de 2 horas.

E agora? Já devo começar a solicitar a glicemia de 1 hora no TOTG?

Não há como negar o peso de uma recomendação da IDF. Contudo, ainda é cedo para mudarmos em definitivo nossas condutas quanto ao TOTG. Devemos aguardar qual será a recomendação adotada pela ADA e SBD diante da nova proposta. Caso haja concordância, teremos mais um critério para diagnosticar pré-diabetes e diabetes mellitus.

 



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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