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Tireoide

Como manejar a Doença de Graves na infância?

Escrito por Ícaro Sampaio

Em crianças e adolescentes, o hipertireoidismo tem como principal causa Doença de Graves, condição de etiologia autoimune. Geralmente, tais pacientes apresentam um quadro bioquimicamente evidente e clinicamente grave. A maioria dos sinais e sintomas de hipertireoidismo em crianças são semelhantes aos dos adultos. No entanto, o hipertireoidismo infantil também pode causar crescimento acelerado e maturação óssea, além do prejuízo no desempenho acadêmico.

Embora as opções de tratamento da DG na infância sejam as mesmas dos adultos – drogas antitireoidianas, iodo radioativo e cirurgia da tireoide – os benefícios e riscos de cada modalidade são diferentes no jovem. Devido aos efeitos deletérios do excesso de hormônios tireoidianos em múltiplos sistemas, as crianças com DG necessitam de tratamento imediato. Casos ocasionais considerados “leves”, incluindo hipertiroidismo subclínico com repercusões clínicas e bioquímicas mínimas, podem se beneficiar de um período de vigilância para definir a necessidade de tratamento.

As tionamidas são o tratamento de primeira linha recomendado pelos guidelines, sendo metimazol (MMZ) a droga de escolha. Uma dose inicial de 0,15–0,3 mg/kg de MMZ normalizará a função tireoidiana na maioria dos pacientes, sendo a dose então reduzida para prevenir o hipotireoidismo.

Doses maiores de tionamidas (0,5 mg/kg de MMI) podem ser administradas em casos mais graves, onde é desejável uma redução mais rápida dos níveis de T4 e T3. Um betabloqueador (por exemplo, propranolol ou atenolol) deve ser administrado quando há sintomas e sinais de maior gravidade, mas é contraindicado em pacientes com asma.

A dose de metimazol necessária para manter o eutireoidismo dependerá da gravidade da doença. A duração do tratamento com tionamidas deve ser de pelo menos 3 anos e potencialmente 5 anos ou mais se a probabilidade de remissão for baixa com base nas características do paciente na apresentação da doença. Ao considerar a suspensão da tionamida, o TRAb pode ser usado para prever a probabilidade de recidiva. Na presença de títulos elevados do TRAb, a remissão é improvável.

Quanto ao tratamento definitivo, as indicações incluem recidiva após o tratamento com tionamida, efeitos colaterais graves ou persistentes das drogas antitireoidianas, má adesão ou sintomas obstrutivos de um grande bócio. Idade menor que 5 anos é contraindicação absoluta para tratamento com radioiodo, e menor que 10 anos é contraindicação relativa. Portanto, nessa faixa etária, quando houver necessidade de terapia definitiva, a cirurgia é a opção de tratamento preferida.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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