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Diabetes

Como prevenir doenças cardiovasculares em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 1?

Escrito por Ícaro Sampaio

Apesar dos avanços nos últimos anos em termos de insulinas análogas, tecnologias para infusão de insulina e sistemas de monitoramento contínuo de glicose, a expectativa de vida dos pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) ainda é 13 anos menor que aquela de pessoas sem diabetes. Dentre as causas de mortalidade nessa população, destaca-se a a doença cardiovascular.

Quando se trata do manejo do risco cardiovascular de pacientes com diabetes mellitus 2, dispõe-se atualmente de medicamentos antidiabéticos que apresentam efeito adicional na redução de eventos, inclusive de morte cardiovascular, como é o caso dos inibidores do SGLT2 e dos agonistas de receptor do GLP-1. Mas, e quanto aos pacientes com DM1, como reduzir esse risco?

O primeiro passo é sem dúvidas alcançar um bom controle glicêmico. A maior parte das evidências que apoiam a importância dessa estratégia vem dos estudos DCCT/EDIC. Embora a incidência de eventos cardiovasculares não tenha diferido significativamente entre as duas coortes do estudo (pacientes designados para terapia intensiva e aqueles designados para cuidados habituais) durante os 6,5 anos iniciais de acompanhamento (DCCT), o acompanhamento subsequente (EDIC) mostrou uma redução de 42% nos eventos cardiovasculares aos 17 anos e uma redução de 30% nos eventos cardiovasculares após 30 anos na coorte de terapia intensiva.

O início oportuno da terapia hipolipemiante também é fundamental. As indicações para início e intensidade do tratamento com estatinas em pacientes portadores de DM1 varia muito de acordo com os guidelines. Atualmente, a Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda utilizar a calculadora Steno para avaliação do risco cardiovascular desses pacientes, quando não houve fatores de risco estratificadores de alto ou muito alto risco, e desde que tenham menos de 20 anos de duração da doença.

No que se refere ao controle pressórico, a atual recomendação da American Diabetes Association é de iniciar terapia farmacológica anti-hipertensiva para pacientes com diabetes quando pressão arterial acima de 130 x 80 mmHg. O tratamento farmacológico deve incluir agentes de uma classe de medicamentos com benefícios cardiovasculares comprovados no diabetes: diuréticos do tipo tiazídico, bloqueadores dos canais de cálcio dihidropiridínicos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina ou bloqueadores dos receptores da angiotensina.

Por fim e de grande relevância, é necessário estar atento ao manejo do sobrepeso e obesidade, condições que estão se tornando cada vez mais comuns em pacientes com DM1. Apesar da evidência de benefício e segurança dos agonistas de receptor de GLP-1 em pacientes sem diabetes e naqueles com DM2, não há ainda dados de grandes estudos randomizados em pacientes com DM1. Cirurgia bariátrica pode ser indicada, tem se mostrado efetiva e relativamente segura.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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