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Obesidade

Estudo SURMOUNT-4: o que acontece se interrompermos o tratamento da obesidade?

Escrito por Ícaro Sampaio

Até o momento, os estudos randomizados que avaliaram a retirada de medicamentos antiobesidade demonstraram consistentemente recuperação de peso corporal clinicamente significativa com a interrupção da terapia. Há também evidências de que medicamentos antiobesidade, incluindo agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) de ação prolongada, naltrexona/bupropiona, fentermina/topiramato e orlistate podem ajudar na manutenção da redução de peso alcançada.

Neste mês de dezembro, foi publicado no JAMA, o estudo SURMOUNT-4, cujo objetivo  foi investigar o efeito do tratamento continuado com a dose máxima tolerada (ou seja, 10 ou 15 mg) de tirzepatida uma vez por semana, em comparação com placebo, na manutenção da redução de peso após uma fase inicial aberta. Trata-se de um ensaio clínico randomizado de fase 3, realizado em 70 locais em 4 países com um período de introdução de tirzepatida de 36 semanas seguido por um período de 52 semanas, duplo-cego e controlado por placebo, que incluiu adultos com IMC maior ou igual a 30 ou maior ou igual a 27 com complicação relacionada ao peso, excluindo diabetes.

O estudo contou com um total de 670  participantes (idade média, 48 anos; 473 [71%] mulheres; peso médio, 107,3 kg) que completaram o período de introdução de 36 semanas  e alcançaram uma redução média de peso de 20,9%. A alteração percentual média do peso da semana 36 à semana 88 foi de -5,5% com tirzepatida vs 14,0% com placebo (diferença, -19,4% [IC 95%, -21,2% a -17,7%]; P < 0,001).

No geral, 300 participantes (89,5%) que receberam tirzepatida em 88 semanas mantiveram pelo menos 80% da perda de peso durante o período de introdução em comparação com 16,6% que receberam placebo (p < 0,001). A redução média global do peso da semana 0 à 88 foi de 25,3% para a tirzepatida e de 9,9% para o placebo. Um total de 81,0% dos participantes relataram pelo menos 1 evento adverso durante o período de tratamento inicial com tirzepatida, sendo os eventos mais frequentes gastrointestinais (náuseas [35,5%], diarreia, [21,1%], constipação [20,7% ] e vômitos [16,3%]).

O estudo chama a atenção por duas razões: além da perda de peso expressiva alcançada com a tirzepatida, fica destacada a importância do tratamento contínuo antiobesidade para a manutenção da perda ponderal. No entanto algumas perguntas permanecem sem resposta: caberia uma redução de dose durante a fase de manutenção? Após um período mais prolongado de tratamento seria possível discutir a interrupção?



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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