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Neuroendrócrino

Incidentaloma Hipofisário: como manejar

Incidentaloma hipofisário
Escrito por Luciano Albuquerque

Incidentaloma hipofisário (IH) é uma lesão descoberta em um estudo de imagem cerebral realizado por um motivo não relacionado. Na maioria dos casos, os IH são detectados por tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) durante a avaliação de sintomas neurológicos inespecíficos, cefaleia ou traumatismo craniano. Os IH podem ser classificados como micro (< 10 mm) ou macroincidentalomas (≥ 10 mm ou 1 cm), de acordo com a sua dimensão. A causa mais frequente de IH são os adenomas. Em estudos de necropsia, a frequência de adenomas hipofisários fica em torno dos 10% sendo a grande maioria microadenomas. A frequência parece ser semelhante entre os gêneros, entre os adultos. Dentre os adenomas, a maioria é não funcionante (ACNF).

De acordo com os guidelines internacionais, o exame de imagem de escolha para a avaliação de um incidentaloma hipofisário é a RM da sela túrsica, preferencialmente com o uso de contraste (gadolíneo). O protocolo inclui imagens ponderadas em T1 nos planos sagital e coronal, e ponderadas em T2 no plano coronal.

Os macroadenomas devem ser avaliados quanto a sintomas compressivos, principalmente com  campimetria para avaliar a compressão do nervo óptico (perda dos campos temporais). Tais pacientes devem ainda ser submetidos a avaliação laboratorial tanto para hipersecreção hormonal quanto para hipopituitarismo. Dosar IGF-1, cortisol às 8 h da manhã, prolactina, FSH/LH, subunidade alfa, estradiol (mulheres), testosterona (homens), TSH e T4 livre. Um IGF-1 elevado deve ser confirmado pela avaliação do GH durante o teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Na suspeita de deficiência de GH, recomenda-se um teste de estímulo (ITT). Para avaliar hipercortisolismo o teste de 1 mg de dexametasona overnight e o cortisol salivar no final da noite são os testes mais indicados. Um cortisol < 3 μg/dl sugere insuficiência adrenal, enquanto valor > 15 μg/dℓ praticamente exclui esse diagnóstico. No caso dos microadenomas, a avaliação laboratorial limita-se em geral à hiperfunção.

Adenomas secretores ou com sintomas compressivos têm indicação de abordagem cirúrgica, excetuando-se os prolactinomas, que têm tratamento farmacológico (Cabergolina). Para pacientes com adenomas < 20 mm, sem evidência de hipersecreção hormonal e sem alterações visuais ou outras alterações neurológicas, a vigilância ativa é recomendada. No caso de lesões < 5mm, a realização de novos exames laboratoriais e de imagem pode ser dispensada. Os microadenomas devem ter imagem anual, enquanto os macroadenomas podem ser reavaliados em 6 meses nos primeiros 2 anos. Em caso de estabilidade as avaliações devem ser espaçadas.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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