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Diabetes Manchetes

iSGLT2 no pós infarto: temos novidades?

Escrito por Luciano Albuquerque

Os inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2 (iSGLT2) já demonstraram benefícios em diversos parâmetros cardiovasculares e metabólicos, incluindo morte cardiovascular, hospitalização por insuficiência cardíaca (IC), progressão de doença renal, redução de peso corporal e controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) e doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida ou com alto risco. A redução de morte cardiovascular e na hospitalização por IC também foi comprovada em pacientes com IC crônica sintomática, com ou sem diabetes, em todas as faixas de frações de ejeção do ventrículo esquerdo e em diferentes momentos de intervenção.

Nos estudos EMPULSE (empagliflozina), SOLOIST (sotagliflozina), DELIVER e DICTATE (dapagliflozina), diferentes agentes da classe foram testados com segurança em pacientes internados por descompensação de IC, abrindo possibilidades para o uso no ambiente hospitalar, após superada a fase mais aguda. Em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM), mas sem IC ou DM2, existiriam benefícios?

Para avaliar essa possibilidade, foi idealizado o estudo DAPA-MI, recém apresentado no congresso da American Heart Association e publicado no NEJM. Participaram 4.017 pacientes, com infarto do miocárdio recente (menos de 10 dias), excluídos pacientes com DM2 ou IC sintomática. A idade média foi de 63 anos, com apenas 20% da amostra sendo do sexo feminino. Os pacientes foram acompanhados por um período de 22 meses, sendo avaliado como desfecho uma composição hierárquica de morte, hospitalização por HF, IAM não fatal, incidência de fibrilação/flutter atrial, incidência de DM tipo 2, classe funcional NYHA II acima, e perda de peso de ≥5%.

Apesar do benefício no desfecho primário, um índice de vitória de 1,34 (IC 95% 1,20-1,50, p < 0,001), o benefício foi atrelado aos aspectos metabólicos, onde a dapagliflozina mostrou redução significativa no desenvolvimento de DM2 e uma maior perda de peso comparada ao grupo placebo. Excluídos esses dois pontos da avaliação, não houve benefício na combinação dos demais parâmetros avaliados.

Em resumo, os resultados sugerem melhores desfechos cardiometabólicos em pacientes com infarto agudo do miocárdio com introdução precoce dos iSGLT2, mas os benefícios em termos de desfechos clínicos maiores permanecem incertos. O estudo ainda reforça a segurança na introdução precoce desses medicamentos. Porém, na ausência de sintomas de IC e de DM2, vamos precisar de mais dados antes de indicar a medicação de forma rotineira.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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