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Diabetes

Novas recomendações da ADA sobre rastreio e retardamento do DM1

Escrito por Ícaro Sampaio

O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) autoimune, também conhecido como DM1a, é responsável por 5–10% dos casos de diabetes e tem como causa a destruição autoimune das células β pancreáticas. Os marcadores autoimunes incluem autoanticorpos contra contra a descarboxilase do ácido glutâmico (GAD), insulina, antígenos das ilhotas (IA-2) e transportador de zinco 8 (ZnT8).

A evolução do DM1 ocorre em estágios. O estágio 1 é definido pela presença de dois ou mais desses autoanticorpos e normoglicemia. Aqui, o risco de desenvolver DM1 sintomático em 5 anos é de aproximadamente 44% no geral, mas varia consideravelmente com base no número, título e especificidade dos autoanticorpos, bem como na idade de soroconversão e no risco genético. O estágio 2 inclui indivíduos com múltiplos autoanticorpos e disglicemia (glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose ou HbA1c na faixa de pré-diabetes). No estágio 2 da doença, há risco de 60% em 2 anos e risco de 75% em 5 anos de desenvolver DM1 sintomático. Existe ainda o estágio 3, representado pelos casos de DM1 com hiperglicemia evidente, sintomáticos. ​

A velocidade de destruição das células β é bastante variável, sendo rápida em alguns indivíduos (particularmente em bebês e crianças) e lenta em outros (principalmente em adultos). Crianças e adolescentes frequentemente apresentam cetoacidose diabética como a primeira manifestação da doença. Vários estudos indicam que a medição de autoanticorpos de ilhotas em familiares de pessoas com diabetes tipo 1 ou em crianças da população em geral pode identificar eficazmente aqueles que desenvolverão a doença.

O atual guideline 2024 da American Diabetes Association, apesar de não definir os critérios para rastreamento, recomenda que indivíduos com resultados positivos para autoanticorpos devem receber ou ser encaminhados para aconselhamento sobre o risco de desenvolver diabetes, prevenção de CAD e devem ser considerados para testes adicionais, para ajudar a determinar se atendem aos critérios para intervenção destinada a retardar a progressão da doença. Mas, como acompanhar esses pacientes em estágio 1, principalmente na disponibilidade de terapia para retardar a doença?

O documente sugere, para pessoas com diabetes tipo 1 pré-clínico, monitorar a progressão da doença usando HbA1c aproximadamente a cada 6 meses e teste oral de tolerância à glicose de 75 g anualmente. A frequência do monitoramento poderá ser modificada com base na avaliação de risco individual com base na idade, número e tipo de autoanticorpos e métricas glicêmicas.

A ADA recomenda ainda considerar o uso de Teplizumabe para retardar o início do DM1 sintomático em indivíduos selecionados com idade ≥8 anos com doença em estágio 2. A terapia deve ser realizada em um serviço especializado com pessoal devidamente treinado.  Vale lembrar que o Teplizumabe, apesar de aprovado pelo FDA, não tem aprovação pela ANVISA e trata-se de uma medicação de altíssimo custo.

 



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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