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Novo guideline de SOP: o que mudou no diagnóstico

Escrito por Erik Trovao

Em 2018, foi publicado um guideline internacional para guiar o diagnóstico e o tratamento da síndrome dos ovários policísticos (SOP). Nos últimos 5 anos, as recomendações desta diretriz vêm guiando o manejo da doença na prática clínica. Mas, neste mês de agosto de 2023, foi publicado um novo guideline de SOP, escrito pelos mesmos autores, e contendo importantes atualizações sobre o tema.

Abaixo, destacaremos os principais pontos desta nova diretriz e faremos um resumo sobre as principais modificações relacionadas ao diagnóstico e à pesquisa de complicações associadas à síndrome dos ovários policísticos.

Diagnóstico

  1. Em mulheres com oligoamenorreia e hiperandrogenismo clínico, uma vez que outras causas tenham sido excluídas (SOP permanece sendo um diagnóstico de exclusão), o diagnóstico de SOP está estabelecido, não sendo mais necessário realizar ultrassonografia (USG). Esta recomendação difere da presente no guideline 2018, no qual USG era indicada mesmo nestes casos para estabelecer o fenótipo da doença.

  1. O terceiro critério de SOP, a morfologia ovariana policística, pode agora ser estabelecida de duas formas: através da USG ou através da dosagem do hormônio antimulleriano (AMH).

  1. Para estabelecimento da morfologia ovariana policística, deve-se escolher entre USG e AMH, não devendo ser realizado os dois.

  1. A determinação de morfologia ovariana policística pelo USG ganhou uma terceira definição. Mantem-se as seguintes: 20 ou mais folículos de 2 a 9 mm por ovário (em pelo menos um ovário) e volume ovariano de 10 cm3 ou mais (em pelo menos um ovário). Adiciona-se o seguinte: 10 ou mais folículos de 2 a 9 mm por corte transversal do ovário (em pelo menos um ovário).

  1. A USG transvaginal continua sendo preferível à pélvica. Mas se esta última for utilizada ou se a USG for realizada através de um aparelho antigo, deve-se dar preferência ao uso do volume ovariano ou do número de folículos por corte transversal.

  1. Níveis elevados de AMH estabelecem o critério de morfologia ovariana policística, substituindo o USG, mas os autores não estabelecem um ponto de corte único. Eles orientam que os laboratórios envolvidos em medições de AMH em mulheres devem usar pontos de corte específicos para a população e o ensaio utilizado.

  1. A dosagem do AMH não deve ser utilizada em adolescentes. A USG também continua não sendo indicado nesta população.

Pesquisa de complicações associadas

  1. O status glicêmico deve ser avaliado em todas as mulheres (adultas ou adolescentes) com SOP, independente do IMC.

  1. E o exame de escolha para avaliação do status glicêmico na SOP é o teste oral de tolerância à glicose (TOTG), que mostrou ter uma acurácia melhor do que glicemia de jejum e hemoglobina glicada.

  1. A avaliação do status glicêmico deve ser repetida a cada 1 a 3 anos, a depender dos fatores de risco individuais para diabetes.

  1. Persiste a indicação de TOTG em toda mulher com SOP e sem diabetes, que estão planejando engravidar ou que estão para iniciar tratamento para infertilidade. Se o TOTG não tiver sido feito antes da gestação, ele pode ser realizado na primeira visita pré-natal. E todas devem fazer o TOTG com 24 a 28 semanas.

  1. A avaliação do perfil lipídico deve ser realizada em todas as mulheres com SOP

Em um segundo texto, falaremos sobre as atualizações referentes ao tratamento da síndrome dos ovários policísticos.



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Sobre o autor

Erik Trovao

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