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Diabetes

Pré-diabetes : qual é o risco de progressão em idosos?

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Escrito por Patrícia Gadelha

Sabemos que pré-diabetes importa pela possibilidade de progressão para diabetes e pela ocorrência de complicações ainda na faixa de pré diabetes, no entanto a história natural do pré-diabetes em população idosa não está muito bem caracterizada.

Estudo publicado na edição de fevereiro de 2021 no JAMA avaliou um grupo de > 3mil idosos (média de 75 anos), não diabéticos acompanhados ao longo de 6 anos, com avaliações semestrais com o objetivo de verificar a ocorrência de diabetes em indivíduos pré-diabéticos no início do estudo.

Os resultados foram os seguintes:

– 44% dos participantes tinham pré-diabetes baseado na HbA1C entre 5,7-6,4%,

– 59% tinham pré-diabetes baseado na glicemia de jejum alterada entre 100-125mg/dL,

– 73% dos idosos tinham um ou outro dos critérios anteriores de pré-diabetes

No entanto,

– Entre os idosos que tinham resultado de HbA1c entre 5,7-6,4%, apenas 9% progrediram para DM e 13% regressaram para normoglicemia e,

– Dos que tinham glicemia de jejum alterada (100-125mg/dl) apenas 8% progrediram para DM e 44% regrediram para normoglicemia.

Pode-se concluir que a prevalência de pré-diabetes nessa população idosa pelos critérios atuais foi bastante alta, mas a progressão ao longo de 6 anos para o desenvolvimento de DM propriamente dito foi muito pequena. A taxa de progressão para DM foi menor que a de normalização da glicemia ou de morte desses indivíduos.

Pessoalmente tiro mais algumas conclusões:

– se uma doença tem uma prevalência de 75% em determinada população provavelmente são os critérios adotados para tal doença que estão levando a um “overdiagnosis”. Assim, o estudo serve de partida para que possamos avaliar outros pontos de corte para pré diabetes na população > 75 anos, assim como já fazemos com hipotireoidismo subclíncio, tolerando valores mais altos para a idade.

–  o “ overdiagnosis” pode levar também a um “overtreatment”, o que nessa população se torna especialmente perigoso pela possibilidade de polifarmácia e interações medicamentosas

E então, o que fazer nesse cenário?

1º: confirmar os valores alterados em mais de uma ocasião

2º: se alterados mesmo, reforçar ainda mais mudanças de estilo de vida (MEV) com foco na atividade física, que nessa população (> 60 anos) foi até mais eficaz em reverter o pré diabetes de acordo com o tradicional estudo DPP

3º: acompanhar a evolução dessa glicemia e intervir com medicamentos se houver claro aumento no segyimento apesar da MEV. Lembrar de escolher medicações adequadas ao perfil clínico daquele idoso.

Ref. : Risk of Progression to Diabetes Among Older Adults with Prediabetes Rooney et al. JAMA 2021



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Sobre o autor

Patrícia Gadelha

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