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Diabetes

Recomendações da SBD para manejo dos dias de doença no DM1

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Escrito por Ícaro Sampaio

Em pessoas com diabetes mellitus tipo 1, algumas circunstâncias, como doenças agudas podem afetar de modo significativo o metabolismo da glicose, exigindo monitorização adicional da glicemia e da cetonemia, além de ajustes da dose diária de insulina. O manejo adequado dos dias de doença tem como objetivo a prevenção de complicações agudas (hipoglicemia, hiperglicemia, desidratação e cetoacidose diabética) e de  internações hospitalares.

Em março deste ano, a Sociedade Brasileira de Diabetes publicou um novo capítulo com recomendações para um adequado manejo dos dias de doença em pacientes com DM1. Veja a seguir as principais recomendações:

  • Recomenda-se o aumento da frequência do monitoramento da glicose. Glicemia capilar deve ser repetida a cada 2-4 horas em pessoas com DM1 usando análogos de insulina de ação rápida ou ultrarrápida, e de 4/4 horas se em uso de insulina regular, inclusive no período noturno;
  • A cetonemia também deve ser monitorada e repetida a cada 1-2 horas até negativação, e a cetonúria pode ser repetida a cada micção, sabendo que pode ainda estar positiva horas após a resolução da cetose sérica;
  • O objetivo deverá ser manter a glicemia entre 70 e 180 mg/dL com cetonemia < 0,6 mmol/L;
  • A insulina basal deve ser mantida, mesmo nos pacientes em jejum, pelo risco de cetoacidose, podendo ser considerada a redução individualizada de doses;
  • Doses adicionais de análogos de insulinas de ação rápida e ultra rápida são administradas por via subcutânea, a depender da glicemia e do grau de cetose. A dose adicional é calculada como percentagem da dose total diária (DTD = soma das doses de bolus e de insulina basal), e é administrada em adição aos bolus habituais de correção de hiperglicemia e suplementação de carboidratos que o paciente já realiza;
  • Caso haja tendência à hipoglicemia, seja por redução de ingesta calórica, absorção alimentar ou por diarreia, a insulinoterapia deve ser mantida em doses reduzidas, enquanto é feita a suplementação de carboidratos. Em caso de cetose com tendência à hipoglicemia, devem ser fornecidos carboidratos extra, conforme tolerância, para possibilitar mais bolus de insulina e supressão da cetose;
  • Quando disponíveis, recomenda-se o uso de sensores para monitorização contínua de glicose, como opção para oferecer mais informações, associados ou substituindo a automonitorização glicêmica;

É importante lembrar que, em alguns casos, tais pacientes deverão ser avaliados em ambiente hospitalar , tais como: febre persistente ou intercorrência de origem incerta; persistência de vômitos por período maior que 2 horas; evidência de piora da desidratação como perda de peso; aumento progressivo da glicemia apesar de doses extras de insulina, ou incapacidade de manter a glicemia > 70 mg/dL; criança sonolenta, confusa, que apresente alteração de status neurológico ou convulsão;  a persistência de hálito cetônico, cetonemia > 1.5 mmol/L ou cetonúria alta apesar de hidratação e doses extras de insulina; a presença de hiperventilação ou dor abdominal importante e a incapacidade da família em acompanhar o quadro em domicílio por qualquer motivo.

 

Referência: Monike Lourenço Dias Rodrigues, Luis Eduardo Calliari, Melanie Rodacki. Manejo dos dias de doença no DM1. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2023). DOI: 10.29327/5238993.2023-1, ISBN: 978-85-5722-906-8.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor e Professor do AfyaEndocrinopapers
Professor de endocrinologia da Medcel
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife

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