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Diabetes

UKPDS: 44 anos do “efeito legado”

Escrito por Luciano Albuquerque

O diabetes é definido pela presença de hiperglicemia. Apesar disso, pessoas com diabetes tipo 2 (DM2) não apresentam sintomas clínicos na vigência de níveis glicêmicos moderadamente elevados. Dessa forma, a busca por um controle glicêmico mais intensivo, principalmente nos primeiros anos do diagnóstico, se justifica pela redução de complicações crônicas. O UKPDS foi o grande responsável por estabelecer esse conceito de “efeito legado”. Desenvolvido pela equipe da John Radcliffe Infirmary, em Oxford, o estudo acompanhou 4209 pacientes com DM2 de diagnostico recente por um seguimento médio de 10 anos.

No estudo original, o controle intensivo utilizando insulina, sulfoniluréias e metformina, agentes disponíveis à época, reduziu significativamente a incidência de desfechos microvasculares (neuropatia, retinopatia e nefropatia). No subgrupo de obesos em uso de metformina, já se mostrava redução de desfechos macrovasculares (IAM), achado confirmado na publicação dos dados de seguimento de 10 anos. No recente congresso da Associação Européia para estudo do Diabetes (EASD) foram apresentados os dados de desfechos após incríveis 44 anos de seguimento.

O mais importante achado do UKPDS nessa última analíse é a manutenção do “efeito legado”. Seguindo esse conceito, o controle intensivo da glicose nos primeiros anos de diagnóstico seguiu demonstrando benefícios ao longo do acompanhamento. Embora as diferenças glicêmicas entre os grupos tenham sido perdidas logo após o término do estudo, o controle intensivo inicial diminuiu o risco de todos os desfechos relacionados ao diabetes, complicações microvasculares, infarto do miocárdio e mortalidade por todas as causas no longo prazo. Mais ainda, o grupo metformina apresentou maiores reduções de risco, justificando sua permanência como terapia de primeira linha no diabetes tipo 2.

“Para resumir – o efeito legado identificado pela primeira vez na análise de 30 anos do UKPS permanece virtualmente inalterado até 44 anos de acompanhamento.” Com essas palavras, o professor Rury Holman, da Universidade de Oxford, encerrou sua apresentação. Para apoiar isso, ele apresentou os dados para todos os desfechos relacionados ao diabetes, IAM, complicações microvasculares e mortalidade por todas as causas. No grupo sulfonilureia/insulina, houve redução de risco relativo de 10%, 15%, 26% e 11%, respectivamente. No braço da metformina versus cuidados convencionais, os números correspondentes foram: 19%, 31%, 10% e 25%. “Essas descobertas marcantes enfatizam a importância crítica de detectar e tratar o diabetes tipo 2 de forma intensiva e na primeira oportunidade possível”, concluiu o professor Holman.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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