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Diabetes

Highlights ADA 2022: Foco na insuficiência cardíaca

IC
Escrito por Ícaro Sampaio

A prevenção e o manejo de complicações crônicas em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2) têm sido focados em nefropatia, retinopatia, neuropatia e doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD). No entanto, a insuficiência cardíaca (IC) já é reconhecida como uma complicação comum em portadores de DM, com prevalência de até 22% nessa população.

Tanto o DM1 quanto o DM2 aumentam o risco de IC, apesar dessa condição ser mais prevalente em pessoas com DM1. Os fatores de risco, em ambos os casos, incluem duração do diabetes, mau controle glicêmico, hipertensão descontrolada, hiperlipidemia, IMC elevado, microalbuminúria, disfunção renal, cardiopatia isquêmica e doença arterial periférica.

Com base do conhecimento de que diagnóstico precoce da IC pode possibilitar o tratamento direcionado para prevenir desfechos adversos, foi publicado, durante o congresso da American Diabetes Association – ADA, um relatório de consenso endossado pela American College of Cardiology com o objetivo de fornecer orientações sobre as melhores abordagens para triagem e diagnóstico de IC em indivíduos com diabetes. Veja a abaixo as principais recomendações:

  • Entre os pacientes com diabetes, a dosagem do peptídeo natriurético ou troponina cardíaca de alta sensibilidade é recomendada pelo menos anualmente para identificar os estágios iniciais da IC e implementar estratégias para prevenir a transição para IC sintomática. Esta recomendação baseia-se nos dados que indicam a capacidade desses biomarcadores para identificar aqueles em IC estágio A ou B (ver tabela abaixo) com maior risco de progredir para IC sintomática ou morte.
  • Os pontos de corte para o uso clínico dos biomarcadores incluem um nível de peptídeo natriurético tipo B (BNP) de ≥50 pg/mL; nível de pro-BNP N-terminal de ≥125 pg/mL; ou qualquer valor de troponina cardíaca de alta sensibilidade que esteja acima do limite de referência superior usual definido em > 99º percentil. Tais limites classificam um paciente assintomático como portador de IC estágio B e identificam aqueles com maior de progressão para IC sintomática.
  • O uso dos iSGLT2 deve ser priorizado em pacientes com IC estágio B e deve ser incorporado ao tratamento de todos os indivíduos com diabetes e IC sintomática (estágios C e D). Se o controle glicêmico adicional for indicado em indivíduos com risco ou com IC estabelecida, o uso de um agonista de receptor de GLP-1, metformina ou insulina deve ser considerado.
  • Não é recomendado usar inibidores da DPP-4 e tiazolidinedionas em indivíduos com diabetes e IC sintomática ou indivíduos com IC estágio B. Além disso, uso de sulfonilureias deve ser criteriosamente avaliado nas situações em que terapias com benefício comprovado não estão disponíveis.

O documento destaca, contudo, que o uso dos biomarcadores deve sempre ser feito no contexto de uma avaliação clínica criteriosa, com um entendimento sobre os fatores de confusão conhecidos que podem reduzir a confiabilidade da dosagem do peptídeo natriurético ou da troponina. Sabe-se que a idade avançada, doença renal crônica (DRC) mais avançada e fibrilação atrial podem levar a concentrações mais altas dos biomarcadores prognósticos, enquanto a obesidade pode diminuir as concentrações do peptídeo natriurético mesmo na presença de risco significativo de IC.

 



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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