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Adrenal

Avaliação dos Incidentalomas Adrenais

Escrito por Luciano Albuquerque

Os incidentalomas adrenais (IA) são massas adrenais de 1 cm ou mais de diâmetro descobertas ao acaso durante exames de imagem. Recente estudo transversal chinês apontou frequência de 1,4% na população. Outros estudos retrospectivos apontam frequência de 4 a 7%. Esse número aumenta com a idade e parece ser um pouco maior em homens. A maioria das lesões são benignas porém podem estar relacionadas a maior morbimortalidade quando existe produção hormonal ou malignidade, indicando intervenção cirúrgica.

Na avaliação do risco de malignidade, os principais pontos a considerar são o tamanho da lesão e os achados dos exames de imagem, particularmente tomografia (TC) e ressonância magnética (RM), ambas igualmente eficazes. Lesões de até 3 a 4 cm são muito provavelmente benignas, enquanto lesões maiores que 4 a 6 cm apresentam maior risco de malignidade. Margens irregulares e invasivas, além da densidade não homogênea são achados em lesões malignas. Densidade elevada na TC (principalmente se > 25 a 30 UH) e menor washout do contraste (<50%) são outros achados sugestivos de malignidade observados no exame com protocolo para adrenal.

A avaliação laboratorial busca diferenciar os quatro tipos de massas adrenais funcionantes: tumores secretores de cortisol, feocromocitomas, aldosteronomas e lesões secretoras de androgênios.

São exames de triagem:

– Cortisol pós dexametasona 1mg overnight.

Valores > 1,8 mcg/dl sugerem secreção autônoma de cortisol (confirmada se > 5 mcg/dl).

Diante de excesso de cortisol, avaliar ACTH (valores suprimidos – < 10 pg/ml – pela secreção da adrenal).

– Metanefrinas plasmáticas (se disponível) ou urinárias.

Feocromocitomas podem ter achados de imagem similares às lesão malignas.

Atentar para preparo cirúrgico específico em caso suspeito.

– Relação Aldosterona/Atividade plasmática de renina.

Indicada em caso de hipertensão e/ou hipocalemia.

Androgênios: DHEA/SDHEA, 17OHprogesterona, Androstenediona, Deoxicortisol, Testosterona (em mulheres), Estradiol (em homens)

Em casos sintomáticos (ou seja, não nos incidentalomas) ou se suspeita de malignidade.

A adrenalectomia está indicada nos pacientes com FEO e aldosteronomas. Nos casos de secreção autônoma de cortisol, ainda não há consenso. Cirurgia é indicada nos pacientes com cortisol pós-supressão > 5 mcg/dl com comorbidades relacionadas ao hipercortisolismo e supressão do ACTH. Idade < 50 anos e comorbidades com difícil controle são fatores a considerar na indicação. É importante repor glicocorticóide no pós-operatório, devido à supressão da glândula contralateral. Diante de um tumor não funcionante, cirurgia está potencialmente indicada para os tumores > 4 cm, ou quando existirem achados suspeitos de malignidade nos exames de imagem.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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