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Tireoide

Efeitos adversos das drogas antitireoidianas – o que é preciso saber

Escrito por Ícaro Sampaio

O tratamento do hipertireoidismo visa reduzir a síntese dos hormônio tireoidianos por meio do uso de drogas antitireoidianas (DAT) ou reduzir a quantidade de tecido tireoidiano utilizando o tratamento com iodo radioativo ou a tireoidectomia total. As drogas antitireoidianas (metimazol e protiltiouracil) têm sido a base do tratamento de pacientes com tireotoxicose por Doença de Graves por mais de 70 anos. Essas drogas inibem a síntese de T4 e T3, levando à redução gradual de suas concentrações séricas. Após várias semanas ou alguns meses, a dosagem geralmente pode ser reduzida; em alguns pacientes, a droga pode ser descontinuada após 1 a 2 anos, e o paciente pode permanecer eutireoidiano por anos.

Em geral, os efeitos adversos das drogas antitireoidianas podem ser divididos em menores (urticária, artralgia, desconforto gástrico) e maiores/ graves, como agranulocitose, vasculite ou dano hepático. Veja a seguir algumas particularidades sobre tais reações:

Reações cutâneas leves

Uma erupção cutânea leve pode se resolver espontaneamente, apesar da continuação da terapia ou podem responder à terapia anti-histamínica. Contudo, podem ser tão graves a ponto de exigir a descontinuação da droga. Os pacientes podem mudar para outra DAT se preferirem seguir com a terapia medicamentosa, mas há uma chance de 30% a 50% de uma erupção cutânea semelhante.

Agranulocitose

A causa da agranulocitose induzida por MMI ou PTU não é conhecida, mas pode ser um fenômeno imunológico.  A frequência desta reação está relacionada à dose, especialmente com metimazol, e pode ser mais comum com o uso de PTU. A agranulocitose geralmente se desenvolve de repente, o monitoramento de rotina da contagem de leucócitos foi considerado de pouco valor.   Os pacientes com agranulocitose frequentemente apresentam febre e evidência de infecção, geralmente da orofaringe, e pode ocorrer sepse por organismos gram-negativos. Por uma questão prática, as contagens completas de leucócitos devem ser obtidas antes do início da terapia para estabelecer uma linha de base.
Além da descontinuação imediata da droga antitireoidiana, o tratamento da agranulocitose geralmente envolve a administração de antibióticos de amplo espectro e medidas de suporte adequadas.

Hepatotoxicidade

O próprio hipertireoidismo pode causar alterações nos testes de função hepática em até 30% dos pacientes. A hepatotoxicidade pelo propiltioruracil parece ocorrer após uma mediana de 120 dias do início da terapia. Apesar dessa relação cronológica descrita, o início da hepatotoxicidade induzida pode ser agudo, difícil de avaliar clinicamente e rapidamente progressivo. Portanto, não há recomendação formal para acompanhar rotineiramente as transaminases de pacientes em tratamento com tionamidas. As diretrizes da American Thyroid Association recomendam avaliar as enzimas hepáticas e função hepática de pacientes tomando metimazol ou PTU que apresentam erupção cutânea pruriginosa, icterícia, acolha fecal / colúria, artralgias, dor abdominal, anorexia, náuseas ou fadiga.

Vasculite

Outro efeito colateral raros associado às DATs é a vasculite de pequenos vasos com positividade do pANCA. O risco parece aumentar com a duração da terapia em oposição a outros efeitos adversos observados que normalmente ocorrem no início do tratamento.  Na maioria dos casos, a vasculite se resolve com a descontinuação do medicamento, embora a terapia imunossupressora possa ser necessária.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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