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Gônadas

Manejo dos sintomas genitourinários da menopausa

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Escrito por Ícaro Sampaio

A síndrome geniturinária (SGU) da menopausa, anteriormente chamada de atrofia vulvovaginal (AVV), é uma síndrome definida como um conjunto de sinais e sintomas resultantes da deficiência de estrogênio no trato geniturinário feminino, incluindo a vagina, lábios, uretra e bexiga. É observada em aproximadamente 45 a 77% das mulheres, piora com o passar o tempo e persiste indefinidamente. Seus  sinais e sintomas podem ser divididos em genitais e urinários: 

  • Genitais: secura, prurido, ardência, dispareunia, sangramento pós coito
  • Urinários: polaciúria, tenesmo vesical, disúria, incontinência

Semana passada, nós apresentamos um passo a passo para manejo dos sintomas vasomotores da menopausa baseado em recente artigo de revisão publicado no JAMA. Neste texto, apresentamos a sugestão de manejo dos sintomas genitourinários dos mesmos autores:

  1. Afastar diagnósticos diferenciais:
  • Trauma
  • Infecção
  • Líquen escleroso
  • Dermatite de contato
  • Neoplasias malignas

          2. Tratamento inicial com terapia não hormonal 

  • Avaliação de lubrificantes ou hidratantes vaginais (serão suficientes nos casos leves)
  • Reavaliar a eficácia do tratamento e a gravidade dos sintomas

   3. Na ausência de melhora, principalmente se sintomas moderados a graves, deverão ser consideradas outras terapias: 

  • Terapia de baixa dose de estrogênio vaginal ou ospemifeno oral com base na preferência do paciente.

            Nota: O ospemifeno é um modulador seletivo de receptor estrogênico (SERM). Nos EUA, foi o primeiro SERM aprovado para tratar dispareunia moderada a grave, mas no Brasil, ainda não é comercializado. Apesar dos benefícios sobre os sintomas genitourinários, está associado a piora dos fogachos. 

  • Com relação ao uso do estrogênio vaginal os autores destacam que devem ser consideradas as contraindicações comuns ao uso de estrogênio por qualquer via: sangramento genital anormal não diagnosticado; histórico de câncer de mama; histórico de acidente vascular cerebral ou infarto do miocárdio; neoplasia dependente de estrogênio conhecida ou suspeita; trombose venosa profunda ativa ou prévia ou embolia pulmonar.
  • A Food and Drug Administration dos EUA exige um aviso em todas as formas de estrogênio, incluindo estrogênio vaginal, listando os eventos adversos observados com estrogênio sistêmico no estudo Women’s Health Initiative (rotulagem de classe). As contraindicações são baseadas na rotulagem de classe para terapias hormonais e evidências de ensaios clínicos randomizados de terapia hormonal sistêmica. Para produtos vaginais de baixa dosagem, recomenda-se uma tomada de decisão individualizada.

Vale ressaltar a terapia hormonal sistêmica deve ser a primeira opção se a paciente tiver <60 anos ou <10 anos de pós-menopausa (janela cronológica), com presença de sintomas vasomotores. A terapia hormonal local, seria indicada em pacientes com idade mais avançada (≥60 anos ou ≥10 anos de pós-menopausa), período em que a síndrome genitourinária tem maior prevalência. A terapia local  é utilizada também em adição à sistêmica, quando esta não é tão eficaz (sintomas residuais) ou ainda de forma isolada nas pacientes que possuem apenas sintomas genitourinários. As terapias baseadas em energia, laser e radiofrequência também são uma opção.

 

Referências:

Crandall CJ, Mehta JM, Manson JE. Management of Menopausal Symptoms: A Review. JAMA.2023;329(5):405–420.

FEBRASGO POSITION STATEMENT. Síndrome geniturinária da menopausa.2022

 

 

 



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor e Professor do AfyaEndocrinopapers
Professor de endocrinologia da Medcel
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife

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