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Diabetes

Restringir carboidratos no café da manhã melhora a varibialidade glicêmica no DM2?

Escrito por Ícaro Sampaio
A hiperglicemia pós-prandial é um fator de risco independente para o desenvolvimento de complicações macrovasculares. Muitos fatores afetam a excursão da glicemia pós-prandial, como o índice glicêmico do alimento ingerido, velocidade de esvaziamento gástrico e o efeito incretínico.  No diabetes mellitus tipo 2, costuma-se observar uma maior intolerância à glicose no período da manhã, causando hiperglicemia após a primeira refeição do dia.
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Um estudo controlado e randomizado recém publicado no American Journal of Clinical Nutrition buscou avaliar se  um café da manhã com baixo teor de carboidratos e alto teor de gordura (focado em ovos) em comparação com um café da manhã padrão com baixo teor de gordura (projetado para ter nenhum/mínimo de ovos) melhoraria o controle da glicêmico em indivíduos com DM2. Cada café da manhã com baixo teor de carboidratos continha cerca de 25 g de proteína, 8 g de carboidratos e 37 g de gordura (por exemplo, uma omelete de três ovos com espinafre). Por outro lado, a refeição do grupo controle (baixo teor de gordura) continha cerca de 20 g de proteína, 56 g de carboidratos e 15 g de gordura.
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Foram incluídos 121 participantes com DM2 , que apresentassem  HbA1c <8,5% e fossem capazes de seguir orientações on-line remotas. A mudança na HbA1c foi o desfecho primário pré-especificado. Monitoramento contínuo da glicose, antropometria autorreferida e informações dietéticas também foram coletadas.
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Não houve diferença significativa no desfecho primário, mudança na HbA1c ao final de 12 semanas, nos dois grupos. A média de A1c diminuiu 0,3% no grupo de intervenção versus 0,1% no grupo controle (p= 0,06). Da mesma forma, nos resultados secundários, o peso e o IMC diminuíram cerca de 1% cada e a circunferência da abdominal diminuiu cerca de 2,5 cm em cada grupo em 12 semanas (sem diferença significativa). Também não houve diferenças significativas na fome, saciedade ou atividade física entre os dois grupos.
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No entanto, os dados do CGM de 24 horas mostraram que a glicose média e máxima, a variabilidade glicêmica e o tempo acima da faixa foram significativamente menores nos participantes do grupo de intervenção com café da manhã com baixo teor de carboidratos em comparação com os do grupo controle (todos p < 0,05). O tempo no intervalo alvo foi significativamente maior entre os participantes do grupo de intervenção (p < 0,05). Além disso, os dados de CGM pós-prandial de 2 horas mostraram que a glicose média e a glicose máxima após o café da manhã foram menores nos participantes do grupo de café da manhã com baixo teor de carboidratos do que no grupo controle.

Os resultados são animadores ao sugerirem que um café da manhã pobre em carboidratos e rico em gordura e proteína pode ajudar a minimizar não apenas a hiperglicemia pós prandial de forma pontual, mas também a oscilação da glicemia ao longo dia.



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Sobre o autor

Ícaro Sampaio

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco
Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro - BA
Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Editor Endocrinopapers
Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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