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Atualização Semanal Manchetes

Retrospectiva 2022: 5 artigos de destaque na endocrinologia

Escrito por Luciano Albuquerque

O ano está terminando, é hora de avaliar os resultados e programar novas metas. Fizemos nosso balanço e trouxemos os artigos de maior destaque ao longo de 2022. Confira nossa lista:

 

5- GEMSNovas metas no DMG?

Estudo comparou critérios mais baixos (≥ 92, ≥ 180 e ≥ 153 mg/dL para glicemias em jejum, 1 e 2 horas) com critérios mais altos (≥ 99 mg/dL e ≥ 162 mg/dL para jejum e 2h, respectivamente). O diagnóstico de DMG foi mais frequente no grupo dos critérios mais baixos (15,3% vs 6,1%). A frequência de bebês GIG foi semelhante entre os grupos (178 (8,8%) vs 181 (8,9%), RR, 0,98; CI 95%, 0,80 a 1,19; P=0,82). Indução do trabalho de parto, uso de serviços de saúde, uso de agentes farmacológicos e hipoglicemia neonatal foram mais comuns no grupo de critérios glicêmicos mais baixos.

Foi realizada uma análise de subgrupo pré-especificada, incluindo mulheres cujo resultado do TOTG caiu entre os critérios glicêmicos mais baixos e mais altos (GJ 92 – 99 mg/dl, 1h > 180mg/dl e 2h 153 – 192 mg/dl), ou seja, onde a mudança de critérios faria verdadeira diferença. No grupo de critérios glicêmicos mais baixos houve menor incidência de bebês GIG (12 de 195 [6,2%] vs. 32 de 178 [18,0%]; RR, 0,33; IC 95%, 0,18 a 0,62). O número ajustado de mulheres necessárias para diagnosticar e tratar diabetes gestacional para prevenir um bebê GIG neste subgrupo foi de 4 (IC 95%, 2 a 17).

Assim, no intervalo onde realmente haveria mudança de critérios, os níveis mais baixos foram mais seguros.

 

4 – ESTIMABL2Radioiodo no CDT de baixo risco.

Participaram 730 pacientes com carcinoma de tireoide de baixo risco (todos <2cm e sem metástases linfonodais) randomizados para uso de radioiodo em baixa dose (30mCi) ou não. Após seguimento de 3 anos não houve diferença entre os grupos, com cerca de 4% dos pacientes apresentando sinais de recorrência em ambos. Esse risco foi maior em pacientes com Tg > 1ng/ml no pós-operatório. A presença da mutação BRAF V600E não esteve associada a maior risco de recidiva nesse subgrupo.

O estudo reforça que nos pacientes de baixo risco, sem evidência de recidiva, o uso de radioiodo pode ser dispensado.

 

3 – DELIVERDapagliflozina na ICFEP.

Dapagliflozina foi comparada ao placebo em 6.263 pacientes com insuficiência cardíaca e FE > 40%. Após um seguimento de 2,3 anos, o desfecho primário foi reduzido no grupo em uso da medicação (16,4% vs 19,5%. RR 0,82; 95% CI, 0,73 a 0,92; P <0,001). A redução de 21% no agravamento da insuficiência cardíaca foi a principal responsável pelo benefício. Os resultados foram semelhantes em subgrupos pré-especificados, com benefício independente dos valores de FE e da presença ou não de diabetes. A incidência de eventos adversos foi semelhante nos dois grupos.

O estudo reforça os achados do EMPEROR Preserved, firmando os iSGLT2 como terapia de escolha na insuficiência cardíaca, independentemente da fração de ejeção.

 

2 – EMPA-KidneyEmpagliflozina na doença renal crônica.

Um total de 6.609 pacientes foram acompanhados por cerca de 2 anos. O tratamento com empagliflozina reduziu em 28% o desfecho primário de progressão da doença renal ou morte por causas cardiovasculares (13,1% x 16,9%, razão de risco, 0,72; P <0,001)A proteção foi independente da presença ou não de diabetes e consistente entre os diferentes intervalos de TFG. Além disso a empagliflozina também reduziu a taxa de hospitalização por qualquer causa em 14%. As taxas de eventos adversos graves foram semelhantes nos dois grupos.

O estudo EMPA-KIDNEY traz informações pela maior diversidade da população estudada: foram 3.569 pacientes (54,0%) sem diabetes, 2.282 pacientes (34,5%) com eGFR inferior a 30 ml/min/1,73 m2 e 3.192 pacientes (48,3%) com uma relação albumina/creatinina urinária inferior a 300. Os resultados reforçam os benefícios dos iSGLT2 em pacientes sob risco de progressão de perda de função renal.

 

1 – SURMOUNTTirzepatida no tratamento da obesidade.

O estudo avaliou o uso da Tirzepatida, um co-agonista GLP1 e GIP na redução de peso em não diabéticos. A perda média de peso foi de 20%, com 26% de redução no percentual de gordura corporal. Na dose mais elevada (15mg), 1 em cada 3 pacientes alcançaram perda acima de 25%. Mesmo nas doses mais baixas (5mg), a perda média foi de 15%, superior a todas as opções disponíveis no Brasil atualmente.

Além do peso, o tratamento com Tirzepatida também reduziu a circunferência da cintura, pressão arterial sistólica e diastólica, insulina em jejum, hemoglobina glicada, triglicerídeos e LDLc, com aumento do HDLc. Os eventos adversos graves e não graves foram limitados a sintomas gastrointestinais, como náusea, diarreia e constipação, com baixa taxa de descontinuação (4 a 7%).

Os resultados colocam a Tirzepatida como o agente farmacológico mais potente no tratamento da obesidade até o momento.

 



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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