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Retrospectiva 2023: os principais estudos do segundo semestre do ano

Escrito por Erik Trovao

O segundo semestre de 2023 também teve a publicação de importantes estudos na área da endocrinologia e nem mesmo o mês de dezembro escapou. Pelo contrário, relevantes estudos foram publicados já bem próximo ao final do ano. Em outro post, abordamos a retrospectiva 2023 em relação ao primeiro semestre do ano.

Julho

Logo no início de julho tivemos a tão esperada publicação do TRAVERSE trial no NEJM, estudo que já vinha causando muito burburinho no mundo da endocrinologia desde a apresentação dos seus resultados no ENDO 2023 em junho.

O ensaio clínico randomizado avaliou a segurança cardiovascular da testosterona transdérmica em mais de 5 mil homens com doença cardiovascular preexistente ou com alto risco cardiovascular, todos com diagnóstico de hipogonadismo.  E concluiu que em homens com este perfil a reposição de testosterona por via transdérmica não foi inferior ao placebo em relação à incidência de eventos cardiovasculares.

Também tivemos, em julho, a publicação do estudo REPRIEVE, ensaio clínico que demonstrou benefício cardiovascular da pitavastatina (dose de 4mg/dia) na prevenção primária de indivíduos com infecção pelo HIV.

Agosto

Durante o Congresso Europeu de Cardiologia foram apresentados os resultados do estudo STEP-HFPEF, que teve o objetivo de avaliar o benefício da semaglutida em indivíduos com obesidade e insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP). O ensaio clínico randomizado utilizou a dose de 2,4mg/semana e comprovou seu benefício em relação ao placebo em todos os desfechos propostos, como melhora sintomática e mudança do peso.

Setembro

Uma nova esperança para o tratamento da esteatohepatite não-alcoolica surgiu em setembro com a publicação, no NEJM, de um estudo de fase 2b que avaliou a eficácia do pegozafermin, um análogo de FGF21. A droga conseguiu melhorar fibrose e resolver a esteatohepatite em um número considerável de indivíduos. Temos, no entanto, que aguardar agora a realização do estudo de fase 3.

Outubro

Em outubro tivemos o EASD, evento europeu de diabetes, onde foram apresentados resultados interessantes relacionados ao tratamento do diabetes:

O SURPASS 6 deu o que falar com a publicação, no JAMA, dos seus resultados: incluindo indivíduos com DM2 mal controlados com insulina basal, o trial os randomizou para associação com tirzepatida semanal ou insulina lispro 3 vezes ao dia e demonstrou não apenas melhor controle com a tirzepatida como menor risco de hipoglicemia. Tivemos, pela primeira vez, superioridade de um tratamento alternativo ao esquema de insulinoterapia em múltiplas doses no DM2.

O EMERGE teve o objetivo de avaliar o início precoce de metformina em mulheres com diabetes gestacional. As participantes foram randomizadas para receber metformina ou placebo, não tendo sido demonstrado benefício para o desfecho primário: redução do início de insulina ou melhora da hiperglicemia de jejum com 32 a 36 semanas de gestação. No entanto, a metformina foi superior em relação aos desfechos secundários: maior tempo para início da insulina, melhora do controle glicêmico, menos hipoglicemia e menor ganho de peso materno. Os autores concluíram, no entanto, que mais estudos, com maior número de participantes, são necessários.

Novembro

Logo no início de novembro, o LANCET publicou mais um estudo do insulina semanal icodeca: o ONWARDS 6. Agora foi a vez de conhecermos o efeito da droga em indivíduos com DM1. Mas, infelizmente, os resultados não foram animadores: embora ela não tenha sido inferior em relação à degludeca no controle da HbA1c, o risco de hipoglicemias clinicamente significativas e graves foi maior.

Dezembro

Já no final de 2023, tivemos a publicação de um dos estudos mais significativos para o mundo da endocrinologia: o SELECT. Sua relevância se deve ao fato de ter sido o primeiro estudo a demonstrar redução do risco cardiovascular com uma terapia medicamentosa anti-obesidade, a semaglutida, em indivíduos sem diabetes.

O ensaio clínico incluiu mais de 17 mil indivíduos de alto risco cardiovascular e, após um seguimento de 40 semanas, a semaglutida conseguiu uma redução de 20% no risco de novos eventos (morte cardiovascular, IAM e AVC não-fatais).

Também, em dezembro, o NEJM publicou novos dados sobre o teplizumabe, medicação aprovada, até o momento, para retardar o início do DM1, na fase pré-clínica da doença (estágio 2). O PROTECT já havia sido apresentado em outubro no encontro da International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes. O estudo incluiu 328 crianças com recém-diagnóstico de DM1 (estágio 3) e teve como objetivo avaliar a preservação da célula beta, através da mensuração dos níveis séricos de peptídeo C. O grupo em uso de teplizumabe conseguiu ser superior ao placebo no desfecho primário, mas não obteve diferença em relação ao controle glicêmico e eventos de hipoglicemia.

Por fim, tivemos a publicação do SURMOUNT-4 que comparou o efeito do tratamento contínuo de tirzepatida com o placebo na manutenção do peso perdido. Ao final, demonstrou-se que a manutenção da tirzepatida, na dose máxima tolerada, foi eficaz em manter a redução do peso, reforçando a importância do tratamento contínuo da obesidade.



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Sobre o autor

Erik Trovao

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